quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A carta

"O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões."


Acabou. Foi tudo que ela pensou naquele instante enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto – Como pude seu tão cega e não perceber, refletia enquanto seus pensamentos davam voltas tentando encontrar um caminho.Ele estava parado junto à janela olhando para o nada enquanto repetia: - Não sei o que houve, não foi minha intenção magoar vocês duas, eu amo você isso é inegável, mas não posso dizer que não esteja muito atraído por ela.
As palavras a dilaceravam como navalha rasgando na carne. – O que está feito, está feito não se pode modificar. Você me traiu e isto é fato, não vou dizer que eu não te ame, apenas nesse momento minha dor impede de pensar em qualquer outra coisa que não seja te deixar.
- Por favor, não! É tudo que te peço ele balbuciou enquanto a viu desaparecer porta a fora.Eles não se falaram no decorrer da noite. Na manhã seguinte ela telefonou:
– Quero falar com a “outra”, quero vê-la e será essa noite. O silêncio do outro lado da linha a fez entender que era um sim.
A noite chegou, ela estava dentro do carro com ele em frente à casa d’outra. Tirou seu celular da bolsa passou para ele e disse: - Liga! Avisa que estou aqui e preciso falar com ela. Ele fez.
As duas se olharam por alguns instantes o silêncio falava por si só.
Então novamente ela disse: - Posso te entregar ele agora se você quiser, não irei mentir e dizer que não o amo foram muitos anos ao lado dele,também não mentirei que ele irá me procurar e nossos papéis irão se inverter você estará então no meu lugar. Vou apenas te pedir se afaste dele agora, não me peça explicações apenas faça, você irá entender.
Ambas se despediram e seguiram em silêncio para direções opostas. Ela entrou no carro e seguiu com ele. Desta vez ele iniciou a conversa: - O que vocês se falaram? – Nada, respondeu ela você verá.
O calor do momento passou e as emoções extremas deram lugar aos pensamentos acalentadores, o tempo foi cicatrizando as feridas que se abriram, ela havia o “perdoado”. O destino resolveu que não seria ele enganado pelo perdão, ele pregaria uma peça em ambos. O vento soprou suas folhas na linha do tempo e um certo dia “ela” recebeu uma carta.


“Obrigada! Você fez o que eu pedi e lhe sou grata por isso. Se você está recebendo esta carta é por que eu parti. Já sabia que deixaria este mundo quando falei com você naquela noite e te pedi para se afastar de nós. Não queria e não desejo seu mal, apenas gostaria de viver mais um pouco ao lado de quem tanto amei, agora não mais me restam dúvidas você cuidará muito bem dele. Desta forma sinta-se livre para amá-lo.”


Fim.


“O coração tem razões que a própria razão desconhece.” (Pascal)


Keli Wolinger

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