terça-feira, 28 de setembro de 2010

Enquanto houver amor


Não entenda minha desistência como um ato falho. Foi a maneira encontrada de não sofrer. Apenas deixar ir.
Enquanto morei em seu abraço e escrevi amores com cacos de vidro, sobrevivi por inteiro. Completa. Tão intensa foi a presença, o toque, o cheiro, o todo.
Enquanto a lua gritava sonhos ao manto prateado que cobria o céu,nossos passos foram apagados por ondas que furiosamente beijavam a areia.
Observei as palavras, juras e promessas feitas ruírem sobre o chão. Espalharam-se pedaços de sentimentos por todos os lados. Cuidadosamente juntei-os um, por um.Guardei-os zelosamente em um lugar seguro, do lado de dentro.
Aquilo que se passa sem razão ou porquê, dentro do peito dispensa explicação.
Reparti com você o melhor de mim. Você me mostrou seu eu mais perfeito. Juntos desbravamos o desconhecido.
Sobrou o muito de mim que te assombra e o pouco de ti que me faz feliz. Seremos eternamente gratos ao amor, nesse breve momento do por enquanto.
Keli Wolinger

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Autorretrato


Tenho sérios problemas em aceitar não como resposta. Estou sempre perguntando os motivos, só para descobrir aquilo que já sei.
Acredito em mentiras sinceras. Sou dúbia, porém sei o que quero.
Não acredito em quem não se irrita, não sofre e nunca ama.
Encanta-me os pequenos gestos, o sorriso sincero, um abraço afável e o silêncio confortador.
Tudo que é previsível não me atrai, a beleza está na superação em arriscar tudo de novo.
A coragem é minha companheira, assim como a esperança que nunca me abandona.
Posso morrer de tédio, ser sufocada por lágrimas durante uma noite para renascer serena e com sorriso de sol.
Porque foi caindo que aprendi a levantar. Descobri quem eu sou quando me deixei perder.
Keli Wolinger

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Onde começa você

"O que a memória ama, fica eterno. Te amo com a memória, imperecível . Adélia Prado"

Não sei o que faço com esse amor. De tanto contar estrelas ele se fez nova galáxia.
Sobrevivi às mentiras que acreditei e aos dias esquecidos de verões inventados.
Te segui para encontrar algum caminho sem saber que você também estava sem direção.
Nova face no espelho a contemplar o belo e inexistente passado subjetivo.
Fez-se outono dentro do peito para deixar cair às folhas desgastadas da complexidade à espera de renovação primaveril.
Do sentimento latente, desconcertante que nos envolvia ficou o amor da lembrança, ainda somos um, porém não mais como antes.
Aceito suas promessas falhas porque te amo, não mais por inteiro apenas a metade que me convém.
Keli Wolinger

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

No passar das horas...

Paciência requer muito tempo. Ela não se assemelha à outras virtudes atemporais como o amor ou o ódio, é necessário muito esforço para desenvolvê-la.
Aceitar que sou uma única alma, porém habitada por anjos e demônios, duas faces de um só rosto e corpo que vagam à procura de encontrar um sentido para quem perdeu – se de si mesmo.
Difícil entender que solidão não significa carência, e sim um retiro voluntário de emoções.
É preciso livrar-se de erros do passado, soltar as amarras do pensamento, jogar fora as roupas em desuso e abandonar velhos hábitos. Torna-me mais forte saber que tudo o que sinto um dia acaba.
Keli Wolinger
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