sábado, 21 de agosto de 2010

Reinvenção do tempo

“A quatro mãos escrevemos o roteiro para o palco de meu tempo: o meu destino e eu.Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério ”Lya Luft


Esqueci por quanto tempo vivi entre linhas os capítulos da minha existência. Conjuguei no tempo presente do modo errado os verbos amar, esquecer e lembrar.

Versos inteiros de um poema de rimas tortas e descalças, desconexo para alguém que como eu tem pretensões ao exagero, tudo em mim é demais desde o amor ao esquecimento.

Quanto a entender, peço apenas que permita-me o silêncio , só assim poderá medir qual é o peso da lágrima contida na ausência de palavras.

Prolonguei seu esquecimento pelo tempo necessário para acostumar a caminhar sem seus passos ao lado dos meus.

Por quanto tempo reescrevi sobre páginas viradas, que dos rascunhos foi possível construir novos inícios para finais inacabados.

Não posso te oferecer mais do que tenho, do plural somos hoje singular.
E do pouco de mim que te assusta resta o muito de você que se perdeu.

Keli Wolinger

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Embriaguez de sentimentos

“Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz... Clarice Lispector”




Acordei de sobressalto durante a noite tão embriagada de ti.

Lembranças dos beijos que não dei e dos teus braços ao meu entorno.

O pulsar incessante do coração e o ritmo descompassado da minha respiração
ascenderam memórias fenecidas de você.
Apenas o silêncio conversou comigo e andou ao meu lado
enquanto eu percorria o corredor de meus sentimentos.

Os pensamentos divagadores bateram o pé na porta
da minha fraca certeza de esquecer – te e entraram.

A parede sólida, mas tênue que nos separa se abala.
Zombeteiro e infantil, o som de seu sorriso invade
as muralhas que me cercam e aterroriza.
Embevecida de você sinto seu olhos em mim e ouso
olhar novamente para aquele abismo em que um dia mergulhei.

Keli Wolinger

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sobrevivendo aos temporais


Ancorei meu coração no cais da esperança.
O barqueiro do tempo navegou por ondas tempestivas das incertezas,
para me avisar que no próximo porto as expectativas me esperavam.
Maré alta e ventos contrários vieram em minha direção, mas uma leve brisa
de entusiasmo deram leveza aos meus pensamentos e impulsionaram meus sonhos.
Remando contra a corrente a exaustão toma conta de mim e deixo-me levar, sigo para o nada.
Ao abrir os olhos percebo que a mesma força com a qual lutei até esvair-me
me tornou forte para enfrentar o furacão que passava por mim enquanto dormia.
Keli Wolinger

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Do fim ao começo e do começo ao fim....

De Volta! Caros leitores desculpem minha ausência, mas eu precisava de tempo para pensar, respirar e descansar. Férias tão merecidas. O silêncio, o nada, apenas pensamentos e as pessoas que me amam para ter o fôlego renovado e retornar ao bom espaço da blogosfera.

Uma gota me inunda com um oceano de possibilidades
para criar o novo início de muitos finais efêmeros de nós.

Tanto as dúvidas quanto as certezas foram fragmentos,
pedaços de passado , futuro e presente vividos de maneira inexorável e paralela.
Dias se tornaram noites, versos, rimas e poesias nos transformaram em sonetos
e do canto foram ao pranto. O que restou de nós e quando penso enlouqueço, 
desejo que fiquem guardados nas gavetas esbranquiçadas da memória no livro de capítulos rasurados e reescrito diversas vezes com a capa da cor do nada.
Que se faça dentro de mim a noite para que “eu cresça, amanheça” e possa voar.


Keli Wolinger
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