Eu o tive. E porque tive
acreditei.
Mas onde eu estava com a cabeça
quando deixei me levar pelo breve
passado do presente, que num
instante
era agora e simplesmente virou
depois.
E o tempo que se fez ausência,
demorada estendida por entre os
dedos.
Como pude me deixar levar para
longe
da segurança do meu eu? Em quê eu
estava pensando?
Já sei ! Em tudo que vivi e
confiei.
Hoje aprendi a conjugar lábios
distantes,
adjetivar abraços e submeter
saudades.
Porém algo aqui, bem aqui dentro ainda me
diz que é possível desenterrar a esperança
que há muito tempo sepultou-se em
sua insignificância.
Isso não foi feito para durar.
Acredite esquecerei.
Eu sei para onde vou e só escuto
meu silêncio.
Keli Wolinger
“E
que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca” é dele
Fernando Pessoa.