sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Do pranto ao riso


Dos versos alheios que faço os meus
quero em teus braços me entregar,
pelo teu corpo navegar para em teus lábios ficar.

Dos dias tristes e incansáveis, das memórias dos momentos
inglórios que não estive junto a ti.

De quando eu não fui seu canto, seu pranto,
verso e poesia.

De quando eu não fui seu silêncio, tormento,
caos e mansidão.

Que eu seja sua brisa, tempestade,furacão e calmaria.

Porque eu sou sua chegada e partida
com “todo amor que houver nessa vida”.
Apenas perceba e receba meus versos
cobertos de puro amor.
Keli Wolinger

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Peso da Alma V- Derrotados

Chegamos ao penúltimo capítulo do conto. Obrigada aos leitores pelo carinho, dedicação, troca de ideias e opiniões desde a primeira postagem.
Confesso que sentirei falta de continuar a ‘saga’ como diria um dos leitores ávidos o Alan, porém não está descartada a hipótese de histórias paralelas dos protagonistas (todas as ideias serão bem - vindas).

Para quem não leu os primeiros capítulos um rápido 'flash back' =] :

Boa leitura a todos!
Keli Wolinger

***


Denis seguia pela rua movimentada de final de tarde com passos largos e descompassados. Imerso em pensamentos que lhe inundavam a cabeça. Não conseguia esquecer as últimas palavras de Priscila, elas ricocheteavam em sua mente com ondas batendo com ferocidade nas encostas de pedras.

Seus passos seguiam rumo a lugar algum, seu corpo estava torpor, sentia sua respiração pesada como se cacos de vidro fossem aspirados e seu peito pudesse se rasgar a qualquer momento. Sua visão ficou turva e algo molhou seu rosto, levou a mão até os olhos e sentiu a ponta dos dedos úmidos, “lágrimas” - pensou - há quanto tempo não as derramava.

Seu telefone celular tocou e por um breve momento deu um suspiro de alívio, como sempre Natasha estava um passo a frente, ele precisava dela mais do que nunca, sabia que ela era a única pessoa com quem falaria naquele momento.

-Alô – a voz de Denis era contida quase rouca.

-Estou indo para ai, te espero em frente à sua casa, fica bem garoto em breve estarei com você.

Ele procurou se recompor seus sentimentos mesclavam desde paixão, raiva de si mesmo, ódio e desejo de vingança. Não estava muito longe de casa precisava encontrar Natasha mais rápido que pudesse, antes que seu corpo atingisse fundo do abismo.

Os carros passavam rapidamente pela avenida ele pode avistar a amiga o aguardando uns 200 metros à frente, os longos cabelos vermelhos esvoaçantes, a roupa de tom fúnebre habitual e inconfundível. Como se ela soubesse que Denis estava se aproximando girou seu corpo em meia lua abriu os braços para recebê-lo.

Denis correu em sua direção a abraçou, recostou sua cabeça no ombro de Natasha como se tivesse encontrado esconderijo quando se foge, com medo chorou. Deixou as emoções falarem mais alto, não teve vergonha do momento apenas desabafou da forma que conseguiu. A amiga o abraçou fortemente, afagou seus cabelos, como uma mãe que busca acalmar seu filho depois de um pesadelo.

- Vai ficar tudo bem garoto, chore você precisa disso.

Longos minutos se passaram até Denis cessar o choro recobrar a compostura e por fim falar:

- A Priscila esta grávida e.... – tentava concluir a frase enquanto encarava o rosto apreensivo da amiga, mas foi interrompido antes que pudesse terminar.

- E não é seu – respondeu ela, enquanto mordia o canto dos lábios.

A resposta de Denis com o gesto afirmativo movendo a cabeça fez Natasha encarar o chão, levar as mãos às têmporas suspirando de maneira fatigante rebateu:

- Não me surpreende, mas e agora meu caro você está preparado para o que está por vir? Lançou a pergunta arqueando a sobrancelha esquerda. A resposta foi sonora e direta, exatamente como Natasha esperava.

***

Natasha e Denis estavam frente a frente, como gladiadores que se preparam para entrar na arena. Com os punhos cerrados sobre a mesa ele a encarava, o ar saia rapidamente de suas narinas fazendo elas se moverem como as de um cão farejador. Natasha mantinha a mão esquerda aberta como apoio para seu corpo, seus olhos estavam tão negros quanto carvão era como se eles mostrassem salamandras dançando ao som da fúria.

- Você tem medo de quê garoto? De receber um castigo maior do que já ganhou, ou ter a mesma condenação que eu? – ela o indagou em tom irônico.

- Não misture as situações garota de Avalon, eu não quebrei o equilíbrio como você, não alterei o destino de ninguém, não entreguei uma arma engatilhada para alguém que não sabe atirar.

Natasha soltou uma gargalhada gélida, sinistra e sua face tinha traços de uma inquisidora.

- Realmente senhor de Orion, você não quebrou diretamente o equilíbrio, você quis apostar com ele desafiá-lo e tentar provar que pode vencer esse jogo. Quer saber a verdade, não existem ganhadores ou perdedores, estamos em terreno arenoso seja qual for a NOSSA decisão iremos interferir.

Denis abaixou a cabeça e levantou a mão esquerda, com um gesto sutil insinuou para que ela continuasse. Natasha respirou profundamente e sentou-se apontou para a cadeira o convidando a fazer o mesmo. Ele não o fez.

- Temos uma missão Denis, fomos enviados até aqui para ajudar nossos protegidos a encontrar o caminho certo. Ambos sabemos da guerra diária entre o bem e o mal, não podemos interferir nesse equilíbrio apenas ELES podem decidir de que lado irão ficar, somos meros guardiões.

O clima ainda estava tenso entre eles, Denis permanecia em pé olhando o mármore da mesa enquanto procurava organizar os arquivos de sua mente e recobrar a calma:

- Quando você descobriu que Renan podia morrer, uma parte de você falou mais alto. Você foi pega de surpresa ao atingirem seu calcanhar de Aquiles, percebeu que o amava tanto quanto ELA. Esse foi o seu tormento, até então, apenas seguia com a missão de protegê-lo de algo que o persegue desde antes de ele nascer.

-Eu sou fraca é isso que você quer ouvir? Admito eu tive medo, quando percebi que poderia perdê-lo confundi as situações e.....

- Não me faça rir Natasha, como pode perder algo que nunca teve. Renan é DELA não seu. - As palavras de Denis eram ríspidas e de tom irônico.

- Elementar meu caro Denis – entre risos – eu sempre soube que Renan era fraco demais para conseguir sozinho, manipulável, ambicioso capaz de tudo para chegar onde quer mesmo assim, EU o amo, quando soube que ele poderia morrer decidi pela barganha troquei minha alma pela dele. Evitei um problema, porém o preço que irei pagar é muito alto e você sabe tão bem qual é.

- A inocente Jennifer, tão influenciável, a isca perfeita para te atingir e ganhar o Renan. Você quebrou o equilíbrio e deixou o caminho livre para os perseguidores agir, desta forma, eles influenciaram Renan a trair a namorada com Jennifer para que ele conhecesse o irmão da garota se envolvesse com atos ilícitos. Pronto ! Primeiro alvo atingido então eles conseguiam iniciar a destruição de toda a família do Renan. Um plano perfeito até você descobrir que tudo isso aconteceu porque você o livrou da morte, não conformada com a situação tentou despertar a aprendiz que existe em Jennifer, e assim, passar a sua missão para ela brilhante, magnífico se ela tivesse aceitado.

- Bravo Denis! – Natasha fazia alusão a uma salva de palmas – eu estou pagando pela minha intervenção já recebi o meu castigo. E quanto a você qual será a peça que irá mover agora, grande estrategista? Olhe para você a quem mais deseja enganar com esse teatro? Cabelos longos, barba por fazer a bela imagem de um ser angelical, o senhor bondade que a tudo e a todos perdoa, não seja cínico!

- Quais seus argumentos para esta conclusão Natasha?

Mais uma vez a gargalhada sarcástica da ruiva o espantou.

-Quando você conheceu Priscila, sabia que ela era sua missão. Protegê-la e ensiná-la a seguir o caminho sozinha acertando erros do passado. Começou como um jogo, um desafio, como tudo para você é. A bela garota sonhadora mais experiente que você, só que o que você não contava é que ela tinha uma filha e um ex-marido louco. O que tornaria mais difícil sua incumbência.

Denis fechou os olhos e por fim deixou seu corpo cair sobre a cadeira, com o queixo apoiado nas mãos unidas ouvia atentamente cada palavra de Natasha, como se um filme se passasse por sua cabeça.

- Você falou o que desejava Denis, chegou minha vez de dar o veredito – esbravejou.- Ela te fascinava você então se aproximou como o bom amigo, um porto seguro, alguém que ela podia confiar. Deixou-se apaixonar, ao ponto de se tornar o “caso”, não era assim que ela chamava a relação de vocês? Sabia que ela não estava completamente separada do Neto, e mesmo assim decidiu insistir. Tinha conhecimento de qual seria o fim de tudo isso, o caos que é quando se interfere nesse plano.
Natasha se tornava insisiva enquanto falava mantinha o dedo indicador da mão esquerda apontado para o rosto de Denis.

- Eu sempre procurei fazer tudo corretamente, assumi os riscos de brincar com fogo e me queimar, de sentir o vento batendo nos cabelos enquanto pulava para o abismo – Denis deixava as palavras fluírem enquanto permanecia de olhos fechados.

- Não! Você nunca foi verdadeiro, nunca deixou ELE assumir o controle da situação, ela precisava saber, ela tinha o direito de saber quem é você de fato, e o que realmente pensava das atitudes dela, só assim você poderia viver sua paixão. Mas o que você preferiu? Usar uma máscara de falso moralista e a perdoar uma, duas, três, quatro, ... quatro vezes você engoliu tudo e fingiu estar tudo bem.

- Ela não entenderia Natasha, o que você queria que eu fizesse? Simplesmente a abandonasse?

-Não! Só não queria que você tentasse se matar literalmente! Lembra-se de quando Neto veio atrás de você? Santo Deus Denis! Quase tive que reconhecer seu corpo em um necrotério, a sua amada Priscila manteve você e o ex ao mesmo tempo. Até mesmo depois que você a pediu em namoro, com direito a alianças e realizou o lindo sonho de conto de fadas dela.

- Por isso Natasha, eu não podia deixar ela não mãos desse insano, um psicopata saído dos piores pesadelos de Krueger.

- Que lindo! Digno de um romance Shakespeariano, o que aconteceu hein? Ele descobriu a aliança na bolsa dela, a seguiu até o trabalho, viu vocês juntos e não foi muito difícil para ele descobrir onde você mora e estuda. Obrigou-te a entrar no carro dele apontou uma arma para sua cabeça fez ameaças a você e toda sua família e mesmo assim, o que você fez?

Denis suspirava profundamente enquanto deixava uma lágrima rolar pelo seu rosto.

- Você a perdoou, ou melhor, guardou nesses seus incríveis arquivos mentais na pasta “coisas a esquecer” e jogou na lixeira, mais uma vez se arriscou e insistiu que iria mudar o que já estava planejado. Eu sei que você odeia esse clichê de “tinha que ser assim”, ou é o “destino”, mas Denis não podemos mudar, somos limitados a essas regras eu, você e tantos como nós através de séculos.

Ele permanecia em silêncio, abriu os olhos e encarou a amiga à sua frente notou que os grandes olhos negros não lançavam mais labaredas mesmo assim evitou manter o olhar. Já Natasha sabia que não estava conversando com ele e sim com a outra metade.

- Esclareça-me uma dúvida minha cara, naquela noite em que você ajudou em minha libertação, quando você me doou parte de sua energia, me fez reviver por assim dizer você já estava debilitada?

Como resposta apenas recebeu o silêncio. Percebeu que Natasha mordia o canto dos lábios, estalava os dedos e secava as mãos suadas na calça , ela reagia desta maneira quando se sentia acuada.

-Insana! Diante de todas suas debilitações você dividiu parte de si mesma comigo, me deu forças para sair daquele abismo quando me abraçou, e depois disso tudo ainda tentou fazer o que tentou com Jennifer? Sorte sua que não funcionou, da próxima vez que quiser tentar algo do gênero me chame que eu jogo uma torradeira na sua banheira, ao menos não haverá tanto drama.

Ela arqueou as sobrancelhas e antes que ele percebesse ela já havia contra atacado.

- Claro! E em troca você chamará a mim e não ao Neto. Talvez eu puxe o gatilho.

-Não tenho certeza de o porquê ele não puxou o gatilho. Agora quanto a você... bem, eu não me arriscaria.

Ela apoiou a cabeça no braço esquerdo – um gesto desabitual, teria apoiado no direito se não fosse pela tipóia - soltou um suspiro cansado, esfregou os olhos e fez um gesto com a mão para que ele cessasse os argumentos. Retomou a conversa que realmente importava.

- Quando liguei pra você naquela tarde eu sabia que você estaria em pedaços. Conheci a Priscila o suficiente para saber que ela o magoaria, trairia sua confiança mesmo você usando de toda sua bondade e perseverança em concluir sua missão. Mesmo que de maneira errônea, não o culpo, assim como eu, você se apaixonou e esse sentimento cega e nos impossibilita de sermos racionais até mesmo você "mestre dos magos"foi inevitável um sorriso entre eles.

- Eu estava feliz tudo parecia ter se encaixado, todas as peças do grande quebra cabeças, eu e Priscila estávamos juntos há quatro meses, estarb ao seu lado fazia-me sentir vivo, pleno, ela me amava a sua maneira, mas amava pelo menos gosto de pensar que sim. Eu sabia que era por pouco tempo e....

-Eu queria viver o momento – ambos falaram

- Foi muito difícil ouvi-la dizer que estava grávida, o que mais doeu foi a ver chorar como uma criança que está arrependida de ter quebrado o brinquedo que mais gosta. Sentir seus olhos fixos nos meus enquanto dizia: “e sabe o que é o pior em tudo isso Denis? É que o filho não é seu”. Recebi um golpe de misericórdia, a mesma sensação de estar com a espada de Arthur na cabeça ouvindo as últimas palavras da minha sentença antes que a lâmina dilacerasse meu corpo.

-Seja por fraqueza, ou por qualquer outro motivo que você queira dar, quando ela começou a te contar, a te dizer tudo o que sentia você correu. Talvez por medo, mas principalmente porque você conhece a si mesmo e sabia que se ficasse lá diria tudo o que estava pensando, e seus pensamentos a magoariam, magoariam de uma forma que vocês não conseguiriam reatar. E você gosta dela não gosta Denis? Ou ao menos gosta de pensar que sim. Fato é que você não teve forças para fazer o que devia fazer.

Denis abriu a boca ferozmente para atacá-la, encher de explicações ou gritos de como ela estava errada, mas calou-se e encarou o mármore da mesa.

-Vê? Exatamente como está fazendo agora. Você não o libera, não fala o que precisa e essa talvez seja sua maior fraqueza, você não age quando deve agir.

Um leve sorriso nasceu no rosto de Denis. Surpreendeu Natasha, ela já havia virado o jogo, a alternância na superioridade de cada um nesse jogo era constante, mas ela acreditava que ele já não tinha mais gás para enfrentá-la. Talvez tivesse.

-O que? –perguntou Natasha, a cor de seus olhos oscilou, nem pretos, ou castanhos.Ele apenas poderia ter feito uma coisa para se achar superior neste momento... seria possível - pensou? - O que você fez Denis?

-Ora minha cara - um alargo sorriso sarcástico nasceu no rosto de Denis -espanta-me você não ter percebido mais cedo. Hoje é quinta feira, era esperado que eu agisse hoje, que outro dia eu escolheria para me encontrar com ela?

Denis arrastou a cadeira e se levantou vagarosamente.

– Agora, se me der licença, vou para casa, logo ela vai chegar.

Denis dá as costas a Natasha com um sorriso no rosto e assoviando , mas com lágrimas no coração. Não estava preparado para o que estava por vir.

To be continued

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Amor é amor



Por alguns instantes guarde meu sorriso e
tenha certeza de que foi você quem o causou.
Caminho sobre incertezas de quem hoje sou
e de quem um dia fui, antes de ser persuadida pelos seus lábios
e entrelaçada pelos seus braços.
Guardo na memória o brilho dos teus olhos, que como
um lago profundo me convidam a mergulhar.
Incansáveis vezes que perdi o sono e fiz promessas
à lua, pedindo as estrelas que iluminasse seu caminho
sem te deixar seguir na escuridão.
Não me peça mais do que amor porque amor,
é amor de qualquer forma e isso basta.
Keli Wolinger

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ausência



Eu prefiro o silêncio e a solidão.

A ausência de palavras e sons me remete a um lugar
em que eu posso reencontrar minha alma e redescobrir minha essência.

Solidão não significa estar sem ninguém, mas sim sem você mesmo.

As respostas muitas vezes são mais confusas que as perguntas.

Encontrar-se é migrar rumo ao desconhecido.

Só por hoje quero me descobrir e talvez voltar para casa.


Keli Wolinger

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Peso da Alma IV- Revelação

A saga continua chegamos ao quarto capítulo e a um passo do fim da história.
Este conto está sendo escrito por dois autores simultaneamente, por isso existe uma mudança de identidade editorial hehehe.
O terceiro e o quarto capítulo iniciam pelo fim dos acontecimentos rsss, ou seja depois do encontro de Jennifer, Renan e Natasha. É como se fosse “um dia depois do amanhã” os flash back solucionam os mistérios.
Boa leitura a todos!
Keli Wolinger
Para quem não leu os primeiros:
“Meu futuro é você.”
Renan disse que a amava mais alto do que necessário, com mais firmeza do que esperava e com a veracidade de um juramento. Exatamente como um assassino com as mãos sujas de sangue diz que não é culpado.
Natasha riu internamente ao mesmo tempo em que negava para si própria que aquilo poderia ser verdade. Não acreditava mais em Renan, não importava o que ele dissesse, já havia tomado sua decisão.
“Espero que me entenda Jennifer eu preciso que você compreenda” - o pensamento lhe atravessou a cabeça novamente.
Inspirou, fechou os olhos em busca de concentração. Puxou o ar, mas não o soltou. Era assim que fazia, era assim que sempre fazia sem nunca se dar conta. Dessa forma é que deixava “O Outra” assumir. Sabia que não estava forte o suficiente já havia dado uma parte de si mesma para outros no passado, agora usaria Jennifer para passar sua missão à frente. Internamente pedia que funcionasse, mas não acreditava.
Soltou o ar lentamente de seus pulmões, abriu os olhos e seguiu em direção a garota, ela tinha poucos segundos para passar tudo a pequena aprendiz à sua frente. A noite parecia mais escura que o habitual a pouca iluminação da rua os deixavam sobre uma penumbra.
Nem todos notariam a mudança na cor dos olhos de Natasha, os castanhos amendoados davam lugar a escuros e profundos negros.
O espaço dobrou sobre si mesmo e uniu-se dentro de sua mente, como um raio rompendo os céus, um leve estrondo quase imperceptível aos ouvidos menos apurados, já não era ela mesma. Avançou alguns passos precisava ter contato físico com a garota.
- Eu já me decidi Jennifer ele é seu. Você quis o Renan, você o desejou e agora só te faço um pedido CUIDE muito bem dele, como fiz até aqui o PROTEJA.....já não posso mais – as últimas palavras foram quase sussurradas.
Natasha abraçou a garota. Segurou fortemente seus braços em volta dos braços de Jennifer, impedindo que ela se movesse encostou sua testa na cabeça dela uma corrente elétrica percorreu seu corpo.
Jennifer conseguiu “ver” por alguns segundos o que Natasha queria lhe dizer através de imagens, a garota não percebeu, mas enviou uma mensagem subconsciente para seu corpo e como se um sistema de segurança fosse ativado ela bloqueou toda a energia que Natasha tentava lhe transmitir.
Um escudo se formou. A imensa barreira que Natasha sempre se referiu, como em um espelho toda a energia que ela havia destinado a Jennifer voltou para ela.
Foi mais rápido do que pode compreender na hora. Uma barreira de tijolos negros invisíveis que a repeliu e jogou contra o chão. Os reflexos de Jennifer foram rápidos, enquanto o corpo de Natasha seguia de encontro ao chão, as mãos de Jennifer seguravam os braços da ruiva amenizando o impacto da queda.
A ajuda inesperada livrou Natasha de bater com a cabeça fortemente no paralelepípedo da calçada. O peso de seu corpo caiu sobre o braço direito deslocando a clavícula.
Denis corria em direção à amiga estendida no chão a mente dele repetia de maneira frenética:
Como pode cometer um erro tão tolo, justo você!Como pode quebrar o equilíbrio”.
Jennifer estava assustada demais para fazer qualquer coisa além de chorar.
Renan estava ao lado de Natasha segurava- a nos braços e soluçando repetia:
- Meu futuro é você.
Natasha viu Renan em seus pensamentos novamente, repeliu a imagem, não queria vê-lo, não poderia. Apenas uma pessoa seria bem-vinda agora...
-Natasha! Acorde!
Abria lentamente os olhos, era como se nuvens brancas a impedissem de ver de maneira clara. Ao se recompor percebeu um olhar fixado em seu rosto. Não os olhos verdes claro do amigo, mas os castanhos mel que assumiam quando o “outro” estava no comando.
-Por isso você não me contou! Sabia que se me contasse eu lhe impediria. – O ouviu dizer ao fundo, as palavras pareciam abafadas, distantes.
Deu um leve sorriso.
“Sim”
Ele entendeu o que ela fizera, agora estava na hora de contar a verdade.
-Natashaaaa! Denis emitiu um gruído
Simplesmente ela desfaleceu.
...
O corredor na faculdade fica quase deserto nas sextas feiras. Denis bateu a latinha vermelha oca na mesa e não a largou. Desistiu de retirar o refrigerante de seu interior, mas viu que nem mesmo ele“mestre dos magos”, poço de paciência aguentaria esperar mais para ouvir as explicações.
Ergueu os olhos.
“Verdes” - pensou Natasha sem nem ao menos perceber.
A encarou. Encarou como jamais o fizera, não era alguém com quem pudesse duelar, mas ela estava muito fraca para isso agora. Mesmo assim baixou os olhos.
-Fale.
Não era preciso completar a frase. Natasha sabia o que ele dizia de verdade.
-Você me arrastou daqui para uma missão a qual eu desconhecia, sem me dizer o porquê, apenas que eu tivesse fé em você. Assisti você quase se matar em uma tentativa infame de fazer sabe-se lá o que. Você me deve explicações.
Ela conhecia o amigo, sabia que ele jamais diria isso a ela “sozinho” , esse era o tipo de coisa que ela diria, já no caso dele... bem, no caso dele “FALE” era mais do que o suficiente.
-Nós fomos lá para...
Ele ergue a mão que segurava a latinha em sinal de pare. Normalmente ela não respeitaria esse sinal, mas hoje era um dia diferente.
-Sei para que fomos lá. Falaremos disso depois, seus devaneios não são prioridade. Quero saber sobre sua doença. - Ele falava sem encará-la, nunca a encarava.
Os olhos dela eram um canal de energia, focá-los tempo demais deixaria qualquer um exaurido.
As pupilas dela encolheram, se assustara de verdade, não sabia que ele conseguiria entender tanto em apenas uma noite.
-Chama-se ... como se quisesse evitar falar...- Coagulação de Vasos Sanguíneos. Ocorre depois que seu corpo sofre um Acidente Vascular Cerebral, em palavras comuns depois que seu cérebro para de oxigenar e como diriam os leigos, você sofre um derrame. Não tem cura.Os pontos roxos no meu corpo são sequelas dos vasos que estouram lentamente, posso ter um colapso a qualquer momento, não sei quando pode atingir órgãos vitais. Estão em estágio de micro, mas podem aumentar nessa condição que estou só ....
Ele olhou suas retinas muito brevemente. Suspirou e então falou novamente.
-Você é uma idiota.
Ela havia dado a explicação de sua doença encarando o mármore da mesa da lanchonete, os olhos distantes não movia nenhuma parte do corpo, apenas os lábios se moviam de forma quase mecânica, como um transe.
Denis ao ouvir o som dessas palavras ergueu a cabeça, quase enfurecido.
-Você foi até a casa da Jennifer para dar a ela o Renan!
Ela não teve reação, não havia o que dizer. O que faria? Pegar o garfo com qual comia o assado de frango e enfiar na orelha dele. Do que resolveria? Precisa escutar.
-Foi até ela para entregar seu fardo. Quão nobre isto deveria estar parecendo em seus pensamentos. Aposto que se lembrou de quando John cortou os pulsos e Lúcifer apareceu diante dele com um terno branco.
Sua face não teve reação, mas ela matinha uma máscara cética, como se quisesse provar a ele que tudo que falava era bobagem. Quanto tempo seguraria a máscara?
-Sacrifício. Que belo gesto Natasha – Denis proferia enquanto balançava as mãos em forma de desdém.
Ele sorriu. O sorriso irônico que ela tanto gostava, mas nunca havia experimentado em si própria. Então ele colocou as mãos levemente sobre a mesa e sua feição mudou, assim como a cor de seus olhos. Castanho mel.
-Hipocrisia!
Ela sentiu a máscara ruir. Suas costas bateram no encosto da cadeira como se tivesse sido empurrada. Ficou séria e brava.
-Você não queria "dar" ele para ela por que ele ficaria melhor assim, ou seria mais feliz. Você não estava fazendo isso por eles, estava fazendo por si mesma! Estava fazendo porque está muito cansada de tanto carregar ele nas costas, triste por ter adoecido, você estava prestes a desistir então esta foi a oportunidade perfeita não foi?
Silêncio.
Os alunos continuavam a caminhar pelos corredores sem notar a existência dos dois, como se estivessem cercados em um mundo só deles.
Ela não teve palavras.
-Por isso ficou doente. Você interferiu naquilo que já estava escrito. Você tentou alterar a vida das pessoas quando estas já haviam sido decididas. Você conhece as regras Natasha. Apenas observadores.
Ela levantou a voz, não o bastante para quem andava no corredor ouvir.
-De que adianta ser o que somos e saber o que sabemos se nunca podemos agir?
E a isso ele deu de ombros e falou com a voz calma, quase irritante:
-Não fui eu quem fez as regras Natasha, apenas estou dizendo que você as quebrou. Agora está pagando o preço. –apontou para a tipoia azul no braço direito na ruiva.
Ela olhou para baixo. Puxou o ar.
- Não me venha falar em equilíbrio Denis, não você. Não me julgue você não tem esse direito você quer a verdade não é mesmo? Você está preparado para ouvi-la por inteiro GAROTO?
As sobrancelhas dela estavam arqueadas os olhos negros como a noite sem estrelas, os lábios quase sem cor contrastando com o vermelho de seus cabelos e a palidez frequente de sua pele.
Sua voz era gélida, porém firme ela encarava Denis , como se o chamasse para um duelo mental com o dedo indicador da mão esquerda apontado para o centro do rosto de Denis deixou as palavras fluírem.
- Não ouse nem por um instante tentar usar seu poder de persuasão para cima de mim, sabe perfeitamente que não funciona. Se realmente me acha fraca porque não ousa me enfrentar, sem precisar de uma garrafa de Vodca para se encontrar GAROTO, só eu e você.
Denis a olhou por debaixo das lentes sabia que ela jamais usaria aquele tom para falar com ele se realmente o assunto não fosse tão grave. Havia algo mais, ela estava escondendo algo, além de ter sido por causa de Renan que adoecera... tentou procurar uma explicação plausível.
Parou assustado como ele pode ter esquecido. Ela o ajudou, ela o tirou do abismo quando...
Seus pensamentos foram interrompidos.
Com a boca entreaberta Denis a encarou e sussurros saíram de sua boca:
- Por amor Natasha... você fez tudo isso por Amor? Denis a indagou de maneira quase inconformada.
Natasha inspirou profundamente e fechou os olhos uma lágrima rolou pelo seu rosto.
-Assim como você Denis eu....
- Cale-se! Interrompeu Denis – Não fale mais nada, não quero ouvir!
- A verdade dói não é? Indagou ela arqueando a sobrancelha esquerda.
Natasha se pôs em pé e bateu na mesa com a mão esquerda fazendo a latinha de Coca-cola cair no chão.
-Como ousa me chamar de fraca depois de tudo o que você fez com a Priscila!
Denis levantou-se abruptamente e com as mãos na mesa encarando os olhos embriagantes dela:
-Não ouse tocar nesse assunto novamente!
A cor dos olhos dele tornara-se indefinida assim como sua feição e seus sentimentos.
Seria Fúria, ou Medo?
TO BE CONTINUED




quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

De tudo ficou a certeza do amor

Segure em minhas mãos
não tenha medo.

O medo é insignificante
quando o amor protege.

Feche os olhos e durma tranqüilo
eu estarei ao seu lado vigiando seu sono.

Quando não tiver chão sobre os seus pés,
saiba que é porque está nos meus braços.

Se em algum momento tiver dúvidas
encontrará em mim certezas.

Se a escuridão cegar seus olhos
meu amor será seu guia.

E quando eu não mais existir,
procure-me na chuva que cairá sobre você
como lágrimas dos céus.

Não se entristeça olhe para
para o brilho das estrelas
e sorria esta é a forma que o universo
encontrou para te dizer que um dia eu e você fomos nós.

Keli Wolinger

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Um dia você aprende...



“Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Dois destinos um só caminho


Se autoconhecer é uma aventura. É como mergulhar no desconhecido de águas escuras e profundas onde o maior dos nossos inimigos -'o medo' - habita.

Deliberados humanos, somos feridos e ferimos naturalmente.

Podemos odiar na mesma intensidade que amamos.

Aceitar nossos erros é admitir que todos são passíveis a falhas, até mesmo aqueles que insistimos em não perdoar, porque de alguma forma erraram conosco.

Aceitar o não algumas vezes significa autopreservação.
Ouvir a voz da experiência pode nos livrar de algumas cicatrizes na alma.

Aprender a lição de que somos ‘duos’ habitando apenas um corpo, não é uma tarefa fácil apenas mais um teste de resistência da escola que chamamos de vida.

Dedicado a um amigo especial.
Para você muita serenidade, que encontre as respostas que procura, mas não as que deseja, nem sempre são as corretas e sim as mais fáceis de serem explicadas.

Keli Wolinger

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Tempestade + Selo Memê

Dizem que depois da tempestade vem a calmaria, por quanto tempo ainda terei que esperar para sentir essa paz.
No momento estou sentada diante dos olhos do furacão, o vento bagunça meus cabelos,a poeira cega meus olhos e a intensidade da tempestade varre minha sensatez.
Mas se em algum momento eu não sentir, medo vergonha, ou dor jamais terei vivido.
Keli Wolinger

Adooro selinhos Memê!! A destemida Mitti me presenteou com esse selo :D



Obrigada Mitti! Pela lembrança
Vamos às regras:
1. Dizer quem te presenteou com o selo e colocar o link do blog; OK
2. Copiar o questionário e responder a ele; OK

3. Presentear outros blogs com o selo. OK

E o garoto iluminado Lukas me deixou sem palavras com a sua demonstração de carinho.

Vocês não fazem idéia de como me sinto feliz com esses atos eu simplesmente ADOOORO!!
Bjos no Coração
Memê
1. MANIA: Falar sozinha, estalar os dedos enquanto estou nervosa, fazer bico quando fico brava
2. PECADO CAPITAL: Comer ..comer...
3. MELHOR CHEIRO DO MUNDO: De bebê
4. SE DINHEIRO NÃO FOSSE PROBLEMA EU FARIA: Uma instituição para crianças órfãs e lar de idosos para realizar o sonho da minha mãe.5. CASOS DE INFÂNCIA: Nossa seriam muitos eu fui uma criança terrível ahhah..hiperativa
6. HABILIDADES COMO DONA DE CASA: Adoro cozinhar =D segundo meu namorado é Lasanha...#humfome
7. O QUE NÃO GOSTA DE FAZER EM CASA: Lavar louça
8. DESABILIDADES COMO DONA DE CASA: Acumular muita roupa para passar O.O
9. FRASE: Minhas alegrias são intensas. Minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, só vivo nos extremos.”(Clarice Lispector)
10. PASSEIO PARA ALMA: Conversa com o melhor amigo
11. PASSEIO PARA O CORPO: Conhecer seus próprios limites
12. O QUE ME IRRITA: ........ ixxi minha falta de paciência
13. FRASE OU PALAVRA QUE FALA MUITO: Em resumo...
14. PALAVRÃO MAIS USADO: Essa p@#**## é uma M@#**@@
15. DESCE DO SALTO E SOBE O MORRO QUANDO: Muitas linhas para descrever sou impulsiva... eu deveria vir com umas luzes que piscariam perigo!! Haha segundo um dos meus melhores amigos uma bomba relógio ambulante Nitroglicerina pura =P.

16. PERFUME QUE USA NO MOMENTO: Angel
17. ELOGIO FAVORITO: Sem pretensões gosto de todos e quem não gosta o/
18. TALENTO OCULTO: Ainda não descobri.....
19. NÃO IMPORTA QUE SEJA MODA NÃO USARIA NEM NO MEU ENTERRO: Impossível dizer ... eu não tenho estilo misturo várias tendências depende do meu estado de espírito *-*.
20. QUERIA TER NASCIDO SABENDO: A Fórmula da Felicidade
21. EU SOU EXTREMAMENTE: Impulsiva, prolixa, extremista, teimosa (só um pouquinho) , possessiva , mas nunca desisto facilmente de tudo que desejo.
Os Indicados para o Selo Este Blog é 5 Estrelas:
Selo A Dona deste Blog é Uma Fofa :

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Peso da Alma III - Confronto

Capítulo III da Saga :D
Para quem não leu os primeiros capítulos...
Ele tinha os braços apoiados sobre a mesa e os dedos cruzados, a cabeça largada nas mãos. Os olhos estavam fechados. Quem não conhecesse Denis diria que ele estava rezando. É claro que ele não estava rezando. A respiração era fraca, porém constante seus olhos não enxergavam, mas seus ouvidos estavam muito mais apurados que o normal, seu pensamento estava fixo em uma única imagem, esperava que ela surgisse logo, não deveria demorar.

Ela chegou.”

Ele abriu os olhos e deu um leve sorriso.

Ao final do longo corredor da faculdade, os acadêmicos que cuidavam de suas vidas medíocres normalmente não teriam notado o som de seus saltos batendo contra o piso, mas perceberam sua existência hoje, não exatamente por seus longos cabelos vermelhos ou a blusa preta colada na pele cor de neve, provavelmente o que lhes chamava a atenção era a tipoia azul que ela tinha no braço direito.

Chegou ao local onde estava Denis, puxou uma cadeira com a mão esquerda, mão que não costumava usar, mas que ao menos pelos próximos quinze dias se tornaria sua melhor amiga. Ou pior.

-Boa noite garoto.

Ele observou a tipoia sem surpresa alguma, o que realmente o preocupava eram as manchas, os discretos pontinhos roxos que aos poucos iam se tornando mais e mais numerosos na pele leitosa da amiga, aquilo não era resultado na última noite, era consequência de algo que já acontecia há algum tempo e ela não havia lhe dito.

Ele não disse boa noite. Esfregou os olhos com as duas mãos por debaixo das lentes, então retirou os óculos e os largou sobre a mesa, pegou a latinha de coca-cola em sua frente e a virou no copo, apenas algumas gotas caíram.“Vazia” Parecia mais frustrado pelo refrigerante ter acabado do que por tudo o que acontecera na noite anterior. Natasha o olhava, mas não falava. Claramente eles não precisavam disso, nem sempre são necessárias palavras para que os dois conversem. Ela sabia que ele estava chateado, mas não julgava a situação, não a entendia por completo ainda. Claro que apenas não havia entendido porque ela própria lhe ocultara determinados detalhes. E era para isso que estavam ali agora. Ele precisava saber, e ela acreditava que era o único para quem poderia contar.



-Você sabe que colocar-se frente a frente com ela não surtirá grande efeito – disse Denis.
-Como assim, claro que surtirá. Você sabe que não adianta mais eu ficar mandando mensagens de texto ou conversando com ela por telefone. No ponto em que esta situação chegou... – Natasha fechou o rosto como uma torneira que para repentinamente de jorrar água, o ar que saiu de sua boca leva o peso de seu questionamento. –Você não está pensando em...
-Renan tem que ir conosco. Caso contrário será tempo perdido.
-Você está louco, quer colocar nós três frente a frente?!
-Você superestima aquela caipira. Repete de tempos em tempos aquela baboseira sobre ela ser forte, ser como você, sobre ela ser um de nós. Ela não é um de nós. Ela é confusa e fraca, a mente dela não está pronta para um confronto direto com a sua, Renan estando junto ela vai conseguir pelo menos emitir algum som. Isso se você fizer as perguntas certas.
Natasha abriu a boca para retrucar. Mas... não havia muito a dizer,o amigo balançava uma latinha de coca-cola sobre o copo como se por persistência o liquido que se segurava no interior fosse desistir e descer até o copo, sua coca-cola sempre terminava. Desistiu e olhou para longe, passou a mãos nos cabelos longos que começavam a encrespar e coçou a barba. Quantas vezes a amiga já lhe mandara cuidar da aparência? Ele tinha os olhos distantes, mas a mente estava ali, estava ali sentada naquela mesa com ela. A dúvida de Natasha era com qual das metades do amigo estava conversando.
-Tudo bem –concordou por fim –Ele vai. Se isso te satisfaz.
Foi sutil, mas por mais que Denis tivesse tentado conter não pode, deixou escapar um sorriso no canto da boca.
O motor do carro ficou ligado enquanto observavam Renan sair da aula, ele apareceu na porta da sala, pegou o celular no bolso e leu a mensagem de texto que recebera. Por alguns instantes ficou atônito, provavelmente leu e releu a mensagem várias vezes sem acreditar no que estava acontecendo. Ergueu a cabeça exatamente para o ponto em que os dois o esperavam, o ponto que era descrito na mensagem. Começou a andar.
-Você realmente a acha uma fraca?
-Você sabe que sim Natasha, a única razão para eu concordar com isso é a estima que você tem para com essa garota. Sinceramente eu não sei o que você pretende esta noite, não sei o que você vê nessa nela que faz você pensar que ela é assim tão especial. Então...
-Então você está pagando para ver. –disse em meio a um sorriso. Essas não eram suas palavras, é uma frase que geralmente o próprio Denis usaria.
-Não exatamente.
-Não?
-Não. Esta noite estou aqui, porque eu tenho a leve sensação de que eu deveria estar aqui.
Ela o olhou muito séria, esperando que ele terminasse a frase.
-Todos estamos aqui para fazer aquilo que todos estamos aqui para fazer.
Ela o olhou mais uma vez, mas desta vez no fundo de seus olhos, no fundo de sua alma, e através dela.
-Não é você mesmo que diz que não acredita nisso Denis?
-O que eu acredito não importa. O que importa é o que acontece hoje.
Olharam-se por um segundo eterno. Havia muito mais do que palavras e ar entre eles, as piscadas estavam sincronizadas, os corações batiam no mesmo ritmo, a respiração compassada. Ela o compreendia, sabia que ele tinha mais a dizer, mas que aquele não era o momento oportuno. Ele esperaria para sentar e conversar, e este momento não estava longe.
A porta do carro se abriu e Renan entrou no banco traseiro, largou a mochila de lado e ficou olhando para fora. Denis olhou para a amiga sentada ao seu lado. O jovem no banco de trás não o ouviu perguntar, ninguém teria ouvido nem mesmo que estivesse entre os dois enquanto se falavam. Não existiam palavras. Natasha afirmou com a cabeça. O motor ligou.
Era um bairro escuro, postes distantes e calçamento irregular. A casa tinha um muro de meia altura branco e um portão de ferro marrom começando a enferrujar. Natasha abriu o celular cor de rosa e discou como se já o tivesse feito inúmeras vezes antes. Fizera.
Um toque. “Ela jamais atenderia no primeiro”
Dois toques. “Se perguntava se deveria. Se conseguiria”
Três toques. “Segura o telefone e fecha os olhos, pede que não seja nada grave.”
Quatro toques.
-Alô?
-Estou na frente na tua casa. Venha, precisamos nos falar.
Não há resposta, apenas um silêncio. Um suspiro, e enfim...
-Estou indo.
O rosto de Jennifer ao sair era tão incrédulo quanto assustado. Natasha abriu a porta e desceu do carro decididamente. Renan não saiu, olhou para o espelho retrovisor em busca da face de Denis e percebeu que este já o observava.
-E agora? –perguntou Renan. –O que acontece agora?
-Sabe que não posso te dizer Renan.
-Mas você sabe. Você e ela. Eu não entendo, mas essas coisas... vocês... vocês sempre...
-Renan! Não me faça perguntas, eu não posso respondê-las. Eu te trouxe até aqui, deste ponto você precisa ir sozinho.
-Eu não consigo fazer isso.
-Não é essa a questão meu caro. Você precisa fazer.
Renan baixou os olhos, tinha perguntas, dúvidas, medo, mas percebeu que não era Denis que lhe traria as respostas, mesmo que as tivesse. Abriu a porta e saiu do carro, foi em direção às garotas, mas não se atreveu a chegar muito perto e manteve-se a alguns passos de distancia. Renan ainda olhou uma última vez para trás e viu Denis abrir a porta e se escorar no capô do carro com as mãos nos bolsos.
Ele sentira ciúmes e raiva de todos os garotos que já se atreveram dizer ser amigos de sua namorada, mas com esse, esse... esse cara era diferente. Não sabia dizer como nem porquê, mas algo nele era diferente dos demais. Renan não saberia expor em palavras, mas era como se gostasse apenas de uma parte de Denis, apenas de uma metade, enquanto a outra... a outra o assombrava.
Natasha parou frente à garota e estendeu a mão.
-Natasha. É um prazer enfim conhecê-la pessoalmente.
Sem levantar os olhos para encará-la, Jennifer concluiu o cumprimento com um aperto fraco, mas sentindo os ossos da mão estalar.
-Jennifer.
Os olhos castanhos de Natasha, que em momentos críticos tornavam-se negros e assombrosos enxergavam não apenas o rosto da garota pouco mais baixa que ela, se fixavam em seu espírito. Seus lábios cor de cobre deram início a um diálogo que demoraria a se findar:
-Se você estivesse em meu lugar você iria querer que essa situação continuasse? Você iria querer que ela se prolongasse e  se arrastasse da maneira como está?
A garota ergueu o olhos, mas não abriu a boca. Não conseguia. Simplesmente não tinha forças para encará-la. A imagem do sorriso de satisfação de Denis lhe passou pela cabeça. Detestava quando ele tinha razão.
-Você gostaria Jennifer?
-Não.
-Aaaah. Você não gostaria?
-Não. Se eu estivesse no seu lugar não iria gostar dessa situação.
-Você tem algum problema Jennifer! –Natasha ergueu a voz em um rompante que fez os olhos da garota estalarem e se tornarem mais brancos do que acinzentados, –Você me perguntou o que eu achava sobre você continuar se encontrando com meu namorado e eu respondi que não gostaria disso! Que parte dessa frase é difícil de entender? Que parte do NÃO você não entendeu?
Pela primeira vez os cabelos de Natasha perderam a forma lisa e seus braços gesticularam no ar ferozmente. Se Jennifer fosse uma tartaruga provavelmente a cabeça estaria escondida, por vergonha ou medo, difícil dizer. Natasha se acalmou e voltou a falar, desta vez, suavemente, como o de costume.
-Existem coisas que queremos demais para nós, mas elas não são nossas, são missões de outras pessoas e talvez nós não conseguíssemos suportar. Não deseje o que é dos outros, nem sempre o objeto de desejo pode ser seu.
Renan abriu a boca para falar, mas Natasha virou para encará-lo e antes mesmo que pudesse proferir qualquer palavra ela já estava falando com o dedo indicador rígido apontado para o centro de seu rosto.
-Eu ainda não te perguntei nada.
Ele estava assustado demais com tudo aquilo que nem sequer pensou em se perguntar como ela sabia que ele iria falar. Ela estava de costas para ele, não podia vê-lo. Certas coisas em Natasha ele preferia apenas aceitar, sem perguntas.
-Responda-me!? Você quer continuar com essa situação? Você realmente não me conhece. Vai pagar para ver.
Denis continuava escorado no carro com as mãos nos bolsos da calça e o olhar distante, seu corpo podia estar longe, mas ele acompanhava cada detalhe que se passava na conversa, e ao ouvir a própria frase dita pela boca da amiga, novamente não pode conter um pequeno sorriso.
Jennifer vacilou perante as palavras de Natasha, mas finalmente falou.
-Há coisas que fazemos sem saber por que, fazemos pelo simples fato de sentir que devemos.
Natasha ficou atordoada. Não esperava ouvir aquilo. Esperava, mas não acreditava que Jennifer já tivesse chegado nessa conclusão. Então fez um sutil gesto com a mão direita, dizendo para Renan se aproximar.
-Aqui Jennifer.
A expressão da garota dizia “O quê?”, seus olhos novamente mostraram quase todo o globo ocular ao ver Renan, como se somente o tivesse notado nesse instante, sua concentração em confrontar Natasha era tanta que nem sequer notara a presença dele.
-Pode ficar com ele Jennifer. Estou o entregando com um laço vermelho. Mas saiba, ele é um fardo muito difícil de carregar, e se acaso você se cansar nas próximas duas semanas não venha bater arrependida na minha porta, não o aceitarei de volta nem mesmo em um pacote crivados de diamantes.
Renan se aproximou roendo as unhas na tentativa de entender o que ambas falavam e o que acontecia.
-O que está acontecendo? –perguntou.
- Está acontecendo que vocês dois vão ficar juntos, como sempre quiseram. –as palavras saiam da boca de Natasha com firmeza não como alguém que faz uma negociação, mas como se estivesse impondo uma decisão.
Renan deu um passo para trás como por espanto, balançou negativamente a cabeça e falou. Pela primeira vez ele estava expondo o que pensava.
-Eu não quero ficar com ela. Eu apenas estava confuso. O que eu sinto por ela era apenas...eu não sei explicar o que eu sinto.... senti por ela... Eu amo você! O que eu sinto por ela eu nem sei dizer o que é. O que foi. É com você que eu quero ficar, ela... ela já aconteceu, é passado. Meu futuro é você.
Denis assistia a tudo com profundo interesse, tentando descobrir qual era o próximo passo, tudo o que acontecera até o momento era previsível, Natasha não teria planejado isso por tanto tempo sem um motivo maior, sem uma razão, algo que...
Os olhos verde claro de Denis arregalaram-se como se tomasse um choque. Encontrara a pasta marrom empoeirada nos arquivos de seu cérebro. Releu o dia em que sua alma estava por um fio e Natasha o puxou daquele abismo, a energia que ela lhe passou, parte de sua luz, despertando a outra metade dele próprio. Essa era a resposta. Tão simples, esteve ali diante dele todo esse tempo.
“Mas ela já fez isso comigo no passado. Ela não pode fazer novamente, não está forte o suficiente, se ela fizer novamente isso resultaria em...”
Tirou os olhos do além vida e virou-se para os três, precisava haver tempo ainda, precisava impedi-la.
Tempo.
Tempo era essencial.
Tempo.
Tempo não existia mais.
Por um segundo ele se manteve inerte, com as mãos postas nos bolsos, os músculos paralisados e o cérebro recusando-se a acreditar no que os olhos viam. Foi só então que deixou o outro assumir. O outro saberia o que fazer.
Correu.
Natasha estava caída no chão. Jennifer estava pálida como se tivesse enxergado algo que jamais pensara existir. Renan ajoelhado ao lado dela soluçava e chorava tão profundamente que sua mente não conseguia mandá-lo fazer nada, e mesmo que mandasse seu corpo não obedeceria.
Denis chegou rapidamente ao lado de Natasha e tirou Renan de onde estava, empurrando-o para longe, e a segurou nos braços. Ela estava perdendo os sentidos, tinha os olhos meio abertos, a face muito mais pálida que o habitual. Olhou para o corpo dela, buscou alguma ferida. O braço, o braço direito estava torto, como se estivesse...
“quebrado?”
Sacudiu sua cabeça para que recobrasse a consciência.
-Natasha! Acorde!
Ela abriu os olhos levemente.
-Por isso você não me contou. Sabia que se me contasse eu lhe impediria.
Natasha ainda deu um leve sorriso antes de perder completamente os sentidos.
“Sabia que você entenderia.”
-Natashaaaa!
TO BE CONTINUED

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