segunda-feira, 30 de maio de 2011

“Todo amor que houver nessa vida”.....


 
Deixe repousar suas mãos em meus cabelos e meus lábios nos seus. Eu te tenho um querer bem que não cabe mais em mim, com os olhos marcados pelo desejo que insiste em habitar dentro do peito. Uma necessidade ansiosa de te ver e uma saudade tardia que nunca me deixa. Sapateando em palavras rodopio com o ritmo valsado das horas vazias da sua presença. Inquieta e traiçoeira é essa vontade de querer-te sempre mais perto, juntos quem sabe. Ziguezagueando em verborragias sem tempos conjugados pluralizo você e só. Nada mais importa apenas esse silêncio gritante que cabe em ti. Porque dentro de mim tudo transborda.

Keli Wolinger

“E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum veneno anti-monotonia” Cazuza/Frejat

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A nova namorada do meu melhor amigo II - Nada mais importa


Depois de uma pausa, o ar faltou,  a saudade apertou o peito e não pude conter a saudade de todos.Estou correndo contra o tempo, mas nada que me faça deixar este espaço. Para marcar a volta retomo uma ideia que meu amigo Diogo Campos e eu, há muito estávamos comentando. Um texto despretensioso sobre o sentimento que abala os corações: o amor. Porém em uma visão um pouco distinta da que estamos acostumados (E sim, Closer é um dos meus filmes preferidos no qual esse texto pincelou algumas singularidades) . É uma continuação de A nova namorada do meu melhor amigo. Espero que gostem e boa leitura!





- Por que você não consegue suportar a verdade?

- Como? Não entendi garota?! Estou te mostrando a prova cabal de que minha pseudo namorada está me traindo e é isto que você me diz!
Mais uma vez a sobrancelha esquerda dela arqueou-se, ele sabia que não era bom sinal, sempre significou reprovação.

- Você não vai começar a falar que é maduro agora vai? Você é o filho da mãe mais egocêntrico, autocentrado da face da terra. Engraçado ouvir isso de você, pois quando foi mesmo que você levou aquela garota para cama sem ao menos perguntar o nome?! Hum, deixe-me ver foi quinta né, ou seja, para ser mais precisa há menos de 24 horas. Que incrível! Gesticulou ela abanando as mãos em sinal de desdém.

- Você é irritante sabia? Garota falo sério, você tem esse dom de chatear as pessoas. Não importa o que eu fiz estamos falando dela ok! Foco. Vamo junto.  Apenas olhe a porcaria da mensagem, caralho velho! Será que é pedir demais?  Engula o feminismo e veja você mesma a droga que está na tela, por favor. Ele indicou apontando para o objeto que estava em suas mãos.

- Você é um canalha estúpido.  Vociferou ela.

- Qual é eu disse, por favor, falou enquanto passava para amiga o notbook em suas mãos.
Ela exasperou pesadamente no mesmo instante em que seus olhos percorriam a tela iluminada à sua frente.

- Você não é sempre um cretino, só às vezes. E está sempre certo, mas vamos relembrar só por alguns momentos como toda essa situação começou. Ela estava namorando um boçal acéfalo, depois de uma das inúmeras brigas entre eles ela enche a cara e ualá, nós a encontramos e literalmente ela cai em seus braços. Dessa situação direto para sua cama não demorou lá muito tempo, então um belo dia vocês decidem brincar de namorados, porém ambos continuaram uma vida paralela e agora você me vem com essa de olha isto? Que parte da história eu perdi? Perguntou a amiga com sarcasmo.

-Tudo bem, você quase me convenceu. E você sabe que meu orgulho não permite admitir, mas pode ser que você tenha um fundo de razão em suas palavras, acontece que antes eu era o outro e agora.... Suas palavras foram interrompidas muito antes que ele pudesse concluir seu pensamento sobre o fato.

- Agora a situação se inverteu e você não gostou nem um pouco do que sentiu. Acontece meu caro que você sempre faz o que quer, não presta atenção no que ela diz e talvez isso seja o que a incomoda. O fato de você não escutá-la. E quando faz é só para apontar os erros dela.  Em tom irônico a amiga retrucou, enquanto mantinha os braços cruzados no peito e batia o pé direito no chão em sinal de impaciência. Sem pestanejar continuou a enxurrada de palavras:
- “A minha opinião é a minha verdade”- lembra? Se não me engano essa frase é sua, entretanto, agora o gosto amargo que você está tentando engolir não é nem um pouco saboroso, ou é hein? Questionou ela.
Ele a encarou por acima das lentes do óculos e atirou o not sobre a cama, enquanto apertava as têmporas.

- Não! A resposta foi intrínseca.

- E lá vamos nós “ao infinito e além”...  Você já me disse que é errado tratá-la como se fosse mais fraca que você, pois então como estamos? Se bem te conheço imagino qual será seu próximo passo, todavia, estarei aqui depois de tudo. Só um pedido, evite me ligar pela madrugada. Ela girou os calcanhares e o deixou a sós com seus pensamentos. Por um tempo ele preferiu o silêncio.

Mais uma vez estava sozinho. Abriu a porta do seu quarto o cheiro do perfume dela ainda estava em suas roupas, um sorriso irônico nasceu em seus lábios “- você tem razão garota, sabe o que irei fazer”. Seguiu até estante abriu uma garrafa de vodca, serviu-se, fez um brinde imaginário -“você sabe né, nunca tomo o primeiro gole sem brindar” e virou de uma só vez o conteúdo. Precisava de música para relaxar tinha o restante do líquido ardente para entornar garganta adentro. Ligou o desktop escolheu em sua biblioteca a pasta apropriada para o momento e não pode deixar de conter o riso, o som instantaneamente tomou conta do apartamento.

As horas se passavam sem ele perceber, a madrugada engolia o passar do tempo. Como que por instinto abriu os olhos. Reconheceria mesmo a distância os passos que vinham das escadas a campainha tocou, ele não poderia deixar de se sentir vitorioso.

Os solos de guitarra anunciavam algo em uma melodia e arrebatadora:

“So close no matter how far.Couldn't be much more from the heart forever trusting who we are and nothing else matters. Never opened myself this way, life is ours, we live it our way all these words I don't just say, and nothing else matters…”

Ao abrir a porta só pode sentir o passar de um vulto e o leve toque dos cabelos claros roçar em seu braço.

- Você está ouvindo esta porcaria outra vez? A garota pronuncia indignada.

- Que eu saiba o apartamento é meu, a biblioteca musical é minha e eu tenho o direito de ouvir o que eu bem entender e gostar. Pronunciou ele em tom levemente provocador.

- Também tanto faz. Apenas me deixe falar, por favor, eu preciso. Sua voz saiu com um sussurro de clamor.

Antes de qualquer coisa ele precipitou-se e disse:

- Eu te amo! Sua voz saiu em um tom mais alto do que pode prever.

- O quê? Como? Pode repetir... eu não ouvi. Ela gesticulou com a cabeça em tom de incredulidade.

Ele apenas movimentou a cabeça para o lado deixando que ela continuasse a falar.

- Você precisa de mim, e pode até me amar, mas não se importa comigo. Quero que você se importe mais do que apenas com aquilo que quer e pensa. Eu mereço isso, alguém que realmente se importe comigo. Porque isso é tudo que importa. Ela cuspia as palavras com tanta ferocidade que o fez rir.

- Você bebeu? Questionou ele.

- E que importância isso tem? Contestou ela.

- Depende do grau e relatividade que você impõe a isso. E porque nunca a ouvi falar a palavra importância tão repetidas vezes como agora, ainda mais vindo de você. Rebateu ele colocando as mãos na cintura em sinal de inquietação.

- É eu bebi. Talvez mais ou a mesma quantia que você.  Falou apontado com o canto dos olhos para garrafa vazia no chão da sala.

- Mais isso importa? O fato de eu estar por assim dizer com o álcool em grande quantidade no meu cérebro? Protestou ela.

- Eu não sei, deveria? Retorquiu ele.

 - Sendo assim eu também posso falar que te amo. Quer dizer eu não estava pensando em falar, ou melhor, estava, mas sem pensar só em mim de quem eu sou de verdade ou normalmente, contudo em quem somos juntos.  Ela concluiu a frase quase como em um monólogo.

- Eu te amo! E isso machuca. Insistiu ele olhando fixamente nos olhos castanhos marejados da garota diante dele.

- E por que esse amor não é o bastante para estarmos juntos? Indagou ela procurando manter os olhos fixos nos dele.

Ele apenas gesticulou negativamente com a cabeça de forma a demonstrar incompreensão.

- “Onde está esse amor? Eu não o vejo, eu te ouço, escuto umas palavras...” - sussurrou ela dando as costas para ele correndo em direção à porta.

- “Mas não posso fazer nada com suas palavras vazias. Eu te amo porque não precisa de mim.” 

Ambos repetiram a mesma frase, enquanto se distanciavam sabiam do que estavam falando já haviam visto esse mesmo filme.

Keli Wolinger 

terça-feira, 3 de maio de 2011

Fora do convencional


"Sempre existe a opção entre resistir e se entregar. Não sei quando, mas você teve este momento." (Closer – Perto Demais)



Tudo que me importa é estar completa.  O que importa é o coração aprender a conjugar o verbo amar - no plural de sentimentos imperativos. O que importa é o cheiro da pele, o gosto do beijo, o calor da cama, o som do riso, o encontro do abraço. O que importa é a resposta da pele em arrepios eternos. O que importa é a presença, mesmo que inconstante. Importa os lábios molhados de sonhos, os olhos marejados do tempo, as mãos calejadas de esperança e as promessas eternas.  O que importa é o que fica do lado de dentro e te revira pelo avesso.  O que realmente importa é que depois de você, ah depois! Não há mais nada. Entretanto, importa verdadeiramente o sentido. Vem cá, me dá tua mão, não tenha medo...

Keli Wolinger
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