sábado, 20 de novembro de 2010

Inexata



Eu de mim mesma só saberia que sou palavra. Maiúscula. Adjetivada em paradoxos de passados recentes. Permita-me então te fazer um pedido: não invada meus pensamentos se não for me levar por inteira, metade de mim não sabe ser ausência. Eu ainda estarei aqui quando você precisar e acreditarei no amor mesmo que todos os motivos me levem a desistir, entretanto, eu persistirei. Remanesce no peito frases subjacentes que me fazem cansar de procurar por você deixo que me encontre, se quiser. Em ritmos descompassados pluralizo sonhos. Para que se abram jardins quando meus pés tocam o solo e deixem assim meu coração aberto, pronto para intensificar o tempo que tarda quando você não está.

Keli Wolinger 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Um caso de amor

Eis o motivo da minha ausência e tormento. Sou vítima de uma febre incontrolável. Uma paixão que me tira o sono, desassossega o coração, me faz perder o ritmo e correr contra o tempo. Um sentimento que corroí minhas vontades e me faz entregue, capaz de despertar os mais ocultos segredos da alma. Por esse mal haverei de renascer equilibrada, entre as pluralidades despertada por esse amor que trago dentro do peito. Keli Wolinger



Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte.

É dele ... Gabriel Garcia Marquez




sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Post Mortem - Cartas para mim

“À duração da minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios. Venho de longe – de uma pesada ancestralidade”. Clarice Lispector

Quando forem passados tantos invernos e eu desconheça se é noite ou se é dia, ao olhar no espelho e perceber as marcas talhadas pelo tempo, que eu tenha capacidade de reviver as lembranças que fui esquecendo. A saudade preenche os corredores de ausências e bate na porta da memória, para reviver os choros sem razão, os momentos de perdão e erros cometidos por ilusão. Reafirmarei que sou feita de desistências sem motivos, de sonhos incontidos, noites mal dormidas, amores sem pontos finais e urgências excessivas. Sentirei por tudo aquilo que não esqueci, conheci, vivi e não amei. Tocarei instantes que não mudei e medos que enfrentei. De quando fugi para não enfrentar e sorri querendo chorar. Me fará falta as palavras que não disse, os abraços que não dei e o amor que e não quis receber. Viverei do findo, desprezando emoções fracas que não despertam paixão, ódio ou amor. Despertará em mim a efemeridade que estremece dos ossos às entranhas, essas permanecerão.

Keli Wolinger

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