sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Vento


Uma tempestade se aproximava e o forte vento fazia os galhos das árvores balançarem.

- Ele vai fazer muita falta – disse Peter colocando o braço em volta do ombro de Carol.

- Vai fazer mesmo. – ela respondeu deixando uma lágrima escorrer enquanto olhava o caixão descer lentamente.

- Venha, vamos embora.

Carol com os olhos vermelhos e cansados parecia retrucar o amigo. - Venha eu te dou uma carona até em casa.

Os dois se despendem dos demais e andam até o carro. Carol olhava pela janela do carro as primeiras gotas que começavam a cair sobre o pára-brisa.

- Ele adorava a chuva – falou Carol baixinho sentindo um aperto no coração.

O carro pára em frente da casa. A chuva estava mais forte.

- Você vai ficar bem?

- Sim, acho que vou – Carol respondeu parecendo estar mais calma.

- Se quiser eu posso...

- Não, tudo bem. Eu ligo se precisar de algo. – ela diz dando-lhe um suave beijo no rosto.

Carol corre até a porta. O carro ainda fica parado e só sai quando ela entra em casa.

Um silêncio estranho toma conta do lugar, ela tranca a porta e sente algo se enroscar entre suas pernas.

- Oi Miguel, como você passou o dia? Desculpe ter deixado você sozinho – ela diz pegando o gato no colo e acariciando seu dorso.

Carol sobe a escada e entra no quarto, pela janela via a chuva ficar mais forte. Ela entra no banheiro e abre a água quente da banheira. De repente leva um susto com o barulho do telefone, ela enrola uma toalha no corpo e desce a escada.

- Alô!

Do outro lado a linha parecia estar muda.

- Alô? – ela fala mais uma vez na esperança de obter uma resposta. Que brincadeira sem graça – ela diz colocando o fone no gancho.

O banheiro já estava cheio da fumaça. Carol se deita na banheira e fecha os olhos tentando se esquecer das últimas horas.

Minutos depois ela ouve o som de algo cair no chão. A porta do banheiro estava entreaberta e Carol move sua cabeça para ver se via seu gato.

-Miguel? – ela o chama com a voz presa.

Assim que volta para o quarto ela vê o abajur de vidro quebrado próximo à cama.
Mas que droga! Como você foi fazer isso? – ela diz com lamento recolocando o abajur na mesinha-de-cabeceira.

Pela manhã o sol brilhava forte. Carol com o corpo pesado pela noite mal dormida descia para preparar o café.

Ao voltar para quarto, Carol se senta na beira da cama, passando as mãos sobre o rosto ela tentava de todas as formas não lembrar, mas era difícil esquecer do momento que recebeu a notícia que seu amigo dos tempos de colégio havia se matado. Ela olha para o relógio e pegando o casaco de cima da cadeira decide dar uma volta.

Carol anda calmamente pela calçada, o vento forte jogava seus cabelos para todos os lados, com as mãos no bolso, ela seguia olhando para cada casa que passava do bairro.

- Oi Carol, como que você está minha filha? – perguntou dona Betina pela janela de sua casa ao ver a moça passar parecendo distraída.

- Oi dona Betina! Estou bem. – ela respondeu com um leve sorriso.

- Sinto muito pelo seu amigo. Bom, me desculpe, mas tenho que fechar a janela... esse vento está enchendo a minha casa de pó.

- Ah, sim.

- Venha qualquer dia desses aqui para conversarmos e tomarmos um chá.

- Pode deixar eu irei sim. – Carol respondeu enquanto via a janela se fechando.

A caminhada durou uma hora. Fazia tempo que ela não passeava pelo quarteirão do bairro, desde que começou a trabalhar e a namorar, coisa que há tempo também não fazia devido à decepção provocada pelo ex.

Assim que chega ela vai até a cozinha, coloca as sacolas de compras sobre a mesa. Como só voltaria para o trabalho na próxima semana ela acaba voltando para o quarto na esperança de conseguir dormir um pouco.

Ao passar pela porta, Carol é surpreendida por um barulho vindo da cozinha. Rapidamente ela desce e encontra as sacolas caídas e a janela aberta. Lá fora o vento balançava furiosamente os galhos das árvores.

- Eu sei, é você.


Fernando Moraes

Quem é Fernando Moraes?

Para todos Fernando, mas para mim apenas Tadeu (ele odeia que eu o chame pelo segundo nome, porém como sempre sou diferente prefiro assim ô/).
Então ele é um "Maluco Beleza", que curte rock, escreve poesias, adora ler é amigo da natureza, odeia injustiças e hipocresia, sonhador e um grande amigo.
Brincadeiras à parte ele é acadêmico de jornalismo, já escreveu diversos contos dos quais aguarda para lançá-los em um livro.
Uhu!

* A biografia do autor é por minha conta rss =P.

Keli Wolinger


2 comentários:

  1. Muito legal o conto. Começou emocionante, depois partiu pra um suspense sobrenatural... uma mistura de emoções!
    adorei a ideia Keli.. parabens.. dia 06/11 mando o meu! Vou preparar algo bem legal!

    bjão

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  2. Jah pensou em escrever um livro kelli? Seria uma ideia bacana né???

    Abraços

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