Tenho paixão pelo modo que Clarice Lispector (Tchetchelnik Ucrânia 1925 - Rio de Janeiro RJ 1977) escreve. Como ela descreve a dualidade humana, as limitações, inconstâncias e o amor. Identifico-me com a sua escrita reflete um pouco do que eu também sou.
Keli Wolinger.
Lucidez Perigosa
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.
Clarice Lispector
Clarice Lispector fala por nós. Parece que sentiu tudo o que sentimos...
ResponderExcluirAdorei!
beijo
Concordo com a Marília. Parece que ela sente exatamente o que nós sentimos, nos faz sentir mais lúcidos(?!)
ResponderExcluirBjos
Clarice Lispector já me provocou admiração e raiva, compaixão e repulsa... Deve ser porque é uma boa escritora, né? Beijos!
ResponderExcluirAndré San, www.tele-visao.zip.net