Permita-me olhar em seus olhos e
não silenciar o que se passa dentro do peito. Deixe-me ser mais do que seus
olhos podem ver, seus dedos tocar e sua pele sentir. Quero ser o benefício da
dúvida que atormenta, porém acalma. Surpreenda-me com o acalento da alma que
transcende versos, silencia palavras, arrepia a pele e reverbera emoções. Deixo-te
meias verdades para que me dê sua mão e metade de um inteiro. Permita-me ser eu
mesmo diante de ti caleidoscópica, atemporal, viva. Cansei de ser presença quero
me fazer ausência para ser sentida, lembrada, desejada. Deixo-me levar pelo
medo, não aquele que impede, mas o que instiga, só assim saberei as reticências.
Te beijo com riso nos lábios, esperança no coração e liberdade na alma . Apenas
feche os olhos e deixe o vento nos levar.
Keli Wolinger
Fisicamente,
habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.
José Saramago