terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Modo de usar: Esquecimento



Eu o tive. E porque tive acreditei.
Mas onde eu estava com a cabeça
quando deixei me levar pelo breve
passado do presente, que num instante
era agora e simplesmente virou depois.
E  o tempo que se fez ausência,
demorada estendida por entre os dedos.
Como pude me deixar levar para longe
da segurança do meu eu? Em quê eu estava pensando?
Já sei ! Em tudo que vivi e confiei.
Hoje aprendi a conjugar lábios distantes,
adjetivar abraços e submeter saudades.
Porém algo aqui, bem aqui dentro ainda me
diz que é possível desenterrar a esperança
que há muito tempo sepultou-se em sua insignificância.
Isso não foi feito para durar.
Acredite esquecerei.
Eu sei para onde vou e só escuto meu silêncio.

Keli Wolinger

E que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca” é dele Fernando Pessoa.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Férias de Mim


“Mas há uma verdade única: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.” - Martha Medeiros



Sou infiel no que diz respeito ao que as outras pessoas pensam sobre mim. Porque como já disse um grande sábio “o que os outros pensam, é problema deles”. Não sei quem inventou essa conversa de que precisamos ser a gente mesmo toda hora, todo dia e todo tempo, isso é bobagem.
 Ser você mesmo às vezes irrita até a si próprio. O que de fato importa é ser o que você lembra, o que te faz queimar dentro do peito, o abraço apertado, o sorriso sincero, o amor e tudo mais que possa te causar de sobrevoos a calafrios. 
Aquilo que não te provoca qualquer emoção não pode ser julgado como existência. Você é o amor em estado bruto, sem a adição de um mais um, igual a dois, isso é cálculo matemático exatidão.
Um associativismo de duas pessoas e o amor é o contrário disso, inexato, palpável, alargado e muitas vezes exagerado. Você não vem com manual de instrução, pois é eu também não. Alguma vez eu tive alguma inscrição como: vide bula ou eu modo de usar?
Sou acometida da síndrome das “mulheres que amam de menos”, menos tristeza, dor e egoísmo. Perdoe-me estávamos falando de falta de amor e eu aqui com essa conversa de que me amo demais, não que eu seja mesquinha é que chamo isso de autopreservação.
Tenho consciência que algo dentro de mim fala, grita e a verdade me salta aos olhos. Algumas verdades a gente conta, mas outras se tornam nossos segredos mais íntimos.

Keli Wolinger


sábado, 12 de fevereiro de 2011

Confissões do amor



Por um tempo “você foi minha vida, e eu fui apenas, um capítulo da sua”, porém....
Eu quero estar viva, livre, intensa, insensata para sentir rente à pele até onde posso ir para te encontrar. Se o meu fracasso foi a tentativa falha em fazer a coisa certa, perdoe-me ,  tudo em mim é demasia até mesmo o amor, ou a falta dele.  Da nossa história o que ficou foram as páginas rasuradas, borradas pelas inúmeras lágrimas que mancharam o papel, o futuro que não veio e o presente conjugado no passado. Não foi amor, foi inconstância. Foram sonhos construídos de grãos de areia, noites de dois corpos contando estrelas. Foi paixão, promessas estendidas na varanda do tempo. E depois? Depois de você não veio mais nada....Guardam-se em mim apenas lembranças, acúmulo de saudades e despedidas de ausências. Perdoe-me, mas sou assim cheia de vírgulas complexa de hiatos. Saiba apenas que te amei, talvez não por inteiro, somente a parte que me convinha.  Isso bastou para escrever nossa literatura na cartografia do coração.

Keli Wolinger

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Manual de instrução II: Tudo é essencial...



Das razões que não se pode explicar, o perdão pelo desamor

Ficamos combinados assim: sem falsas promessas, mentiras sinceras, lágrimas ou despedidas. Deixe que o tempo se encarregue de apagar as pegadas, de alargar os espaços de ausências e reticencie a saudade. Chega a hora em que tudo se faz doer dentro do peito, queima, vira cinzas e depois se dissipa em pó ao vento. As palavras dão lugar ao silêncio, os corpos se afastam e cada um encontra seu lugar na mesma cama. Juntos e ao mesmo tempo separados, entendeu? Não?! Muito menos eu. Ainda me pergunto o que aconteceu com o nós. Foi pra longe e não voltou, foi brincar fora das paredes da casa ou a intimidade dos nossos dias assustou os dois corações que antes eram um? Conhecer os nossos erros não nos afastou, o que de fato se sucedeu é que descobrimos nossas semelhanças, medos e verdades. “O coração tem que se apresentar diante do nada sozinho e sozinho bater em silêncio de uma taquicardia nas trevas CL*”. Só assim é possível  encontra-se consigo mesmo na face do outro.

Keli Wolinger
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